O conceito de liderança, por ser extremamente amplo e abrangente, comporta as mais variadas leituras e análises, ou seja, existe a liderança situacional, gerencial, social, participativa, etc. Há, entretanto, alguns aspectos que são comuns à maioria dos gestores, que estão relacionados ao que as pessoas veem no líder e àquilo que ele transmite. Mas o que as pessoas enxergam em um líder?
Competência no que faz – Um líder precisa ser competente na sua área. Isso não quer dizer que ele tem de ser o melhor operador ou vendedor, mas que deve ter uma visão ampla da área e passar a confiança de que conhece a operação, tanto no modo específico como no contexto geral.
Ambição positiva – Um líder quer e busca mais, e as pessoas desejam ir no vácuo. Portanto, gestores devem procurar seu crescimento e o de sua equipe.
Seriedade pessoal e profissional – Líderes devem dar o exemplo de seriedade, honestidade e transparência de princípios, tanto na vida profissional como na social. As pessoas acompanham o que acontece com seus gestores e sabem o que se passa na vida deles muito mais do que se imagina. Existe uma autoridade moral a ser conquistada e mantida, e isso passa seguramente por esse item.
O que o líder transmite à sua volta:
Crença no que ele diz e faz – Um líder passa confiança em seus atos e em suas palavras na medida em que põe em prática o que diz. Se ele é competente, ambicioso e sério, irá transmitir essa crença.
Direção – Mesmo quando não está dando ordens diretamente, um líder está transmitindo direção. Ele é o timoneiro, as pessoas vão segui-lo e fazer as coisas que irão se encaixar direta ou indiretamente nos planos gerais – e isso é muitas vezes até inconsciente nos indivíduos.
Esperança de melhoria – É o conceito do “estou com ele, estou bem”. Bons líderes transmitem uma sensação de conforto e segurança, aliada sempre a uma expectativa até inconsciente de que as coisas irão melhorar.
É claro que há um aspecto filosófico nisso tudo, mas, em uma abordagem dentro do cotidiano, é importante lembrar que a liderança é algo que se conquista, e aí vêm as perguntas: “Como praticar tudo isso?”, “Como um gestor pode melhorar sua capacidade de liderança?”.
Alguns dos itens mencionados (competência, ambição, seriedade e até mesmo a crença) implicam em uma estrutura comportamental que deve ser considerada como um modelo de vida e precisa ser praticada naturalmente. Para muitas pessoas, entretanto, há um esforço a ser dispendido, uma vez que precisarão modificar muitas coisas em suas vidas. Isso significa que o candidato a líder deve se perguntar: “Eu quero isso?”.
O verdadeiro líder acredita nesses aspectos e os internaliza de forma natural, e as pessoas à sua volta percebem isso. A artificialidade e a superficialidade nessas práticas podem dar margem a uma interpretação de falsidade e arrogância, e isso não é nada bom se queremos cultivar uma imagem de liderança. Então, é preciso internalizar, acreditar e assumir a postura verdadeiramente. Isso não significa, entretanto, que as pessoas irão passar a reconhecer o indivíduo como líder num piscar de olhos. É preciso paciência. O reconhecimento é uma consequência.
Um ponto adicional que pode ajudar os candidatos a líderes: é extremamente importante que possam avaliar seus perfis comportamentais de modo a terem uma boa ideia de como são vistos, quais são seus pontos fortes e os susceptíveis de desenvolvimento. Isso é autoconhecimento e parte fundamental do processo da liderança, porque os líderes normalmente sabem e controlam a imagem que transmitem.
Edson Rodriguez é especialista em gestão comportamental e profissional e vice-presidente da Thomas Brasil.