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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Empatia abre portas no mundo profissional?


De uns tempos para cá, competências comportamentais têm sido muito citadas. E não só isso, mas ética, relacionamento interpessoal e responsabilidade social são características cada vez mais reconhecidas pelas empresas. Elas têm buscado no mercado profissionais já com esse perfil.

A empatia tem muito a ver com algumas delas. Que empresa não gostaria de ter colaboradores que se relacionassem bem, que se colocassem no papel do próximo, que tornassem o ambiente mais acolhedor e sinérgico? Pois isso tudo tem a ver com empatia, que é a resposta afetiva apropriada à situação de uma outra pessoa.

Martin Portner, médico neurologista, escritor e palestrante, diz que a empatia é uma forma não-verbal de compreender o outro. “Digamos que alguém descreve como feriu o braço em uma vidraça. Ao mesmo tempo em que a pessoa descreve o acontecido, determinadas conexões cerebrais que planejam os movimentos de retirada do braço são acionadas no ouvinte, sem que nenhum movimento seja percebido. Tecnicamente, trata-se um ensaio para sentir, em modo simulado, o que o interlocutor sentiu. Empatia, portanto, é uma qualidade que permite maior inter-relação entre os seres humanos. No ambiente de trabalho, pode ser uma vantagem extraordinária. Digamos que o subordinado relata uma sequência de dificuldades enfrentadas para alcançar determinado objetivo. A empatia do chefe permite, por exemplo, que as dificuldades sejam internamente sentidas para testar se ele mesmo as sobrepujaria. Do contrário, o chefe teria que aceitar – ou descartar – as dificuldades a partir do mero entendimento verbal do subordinado”, explica.

Suzy Fleury, psicóloga, coach e palestrante, conta que a primeira condição para sermos empáticos, é sermos receptivos aos outros e simultaneamente à nossa totalidade interior. Isto significaria estar disposto a conhecer tanto os outros como a si mesmo. “Ser empático é algo natural no ser humano: quando vemos alguém sofrendo, surge espontaneamente em nós o desejo de ajudar, simplesmente porque nesses momentos reconhecemos no outro alguém como nós e nos identificamos com ele. Empatia, para a psicologia atual, representa três sentidos distintos: conhecer os sentimentos dos outros, sentir o que os outros sentem e reagir com compaixão ao sofrimento do outro. Ou seja, observo você, sinto o que está sentindo e tomo uma atitude para ajudá-lo”, diz ela.

Algumas pessoas são naturalmente empáticas. Outras não. Segundo Portner, a empatia é uma característica comportamental baseada no tripé genética, aprendizado na infância/adolescência e vontade de alcançar determinado patamar na vida adulta. Com isso, ele acredita que todos podem trabalhar no seu desenvolvimento.

“O desenvolvimento da empatia é de extrema importância nas relações como um todo. A pessoa deve possuir um bom nível de maturidade, estabilidade emocional e autoconhecimento. Paul Ekman, psicólogo e uma autoridade na leitura das emoções e expressões faciais, desenvolveu uma maneira de ensinar as pessoas a melhorar a empatia, um programa para treinar pessoas a desenvolver habilidades que se alimentam da autoconsciência. Quanto mais abertos estamos para nossas emoções, mais hábeis seremos na leitura de sentimentos, pois todo relacionamento, raiz do envolvimento, vem da sintonia emocional, da capacidade de empatia”, relata Fleury.

Como grande parte da relação empatia/antipatia é formada a partir da primeira impressão que se estabelece de uma pessoa, caso um profissional tenha criado uma imagem de antipatia perante seus colegas de trabalho, subordinados ou superiores, é importante conscientizar-se de que ela pode (e deve) ser revertida; isso exigirá esforço e dedicação, pois será requerida uma mudança de comportamento.

“Acredito que podemos intervir em uma mudança de atitude para a próxima vez. Empatia é uma decisão consciente de escutar com toda a capacidade e, depois, julgar a partir da voz interior que sussurrará ‘isto realmente aconteceu desta ou daquela maneira’”, diz Portner. E Fleury complementa: “é possível reverter a impressão de antipatia através da capacidade de flexibilidade de uma pessoa”.


Colocando-se no lugar do outro


Todos percebemos que as pessoas, em geral, tendem a confiar mais naquelas com quem sentem algum tipo conexão. Isso nada mais é do que empatia. A confiança é conquistada quando sentimos que o outro nos entende, compreende nossos posicionamentos, apesar de, nem sempre, necessariamente concordar conosco.

Portner diz que a empatia depende, em primeiro lugar, de escutarmos com cem por cento de aproveitamento dos nossos sentidos. E devemos nos atentar não somente à audição, mas também aos detalhes de prosódia e da linguagem corporal. Para ele, empatia, como recentemente enfatizado pelo Presidente Obama, requer entrarmos nos sapatos do outro: “Há um monte de conversa neste país sobre o déficit federal. Mas eu acho que devemos falar mais sobre o nosso déficit de empatia - a capacidade de colocarmos nossos pés no sapato dos outros, de ver o mundo através dos olhos daqueles que são diferentes de nós - a criança que está com fome, o metalúrgico, que foi colocado para fora, a família que perdeu tudo o que construiu quando a tempestade chegou à cidade. Quando você pensa assim, quando escolhe alargar o seu âmbito de preocupação e sentir empatia pelo sofrimento dos outros, sejam eles amigos íntimos ou estranhos distantes, torna-se difícil não agir, não ajudar” - Barack Obama, presidente dos EUA.

E essa frase de Obama define exatamente a aplicação da empatia no ambiente profissional: ela faz com que os profissionais sejam mais proativos no auxílio do próximo e, dessa forma, com colaboração, o ambiente e as relações profissionais serão bem mais produtivos.

Angelica Kernchen.

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