Organizar as ideias, estruturar o pensamento, enfrentar a timidez, trabalhar voz e expressões corporais. Esses são alguns dos fatores que devem compor um processo de comunicação de qualidade. No meio corporativo, falar em público e saber expressar-se de forma clara e objetiva tornou-se competência essencial, independentemente do cargo ocupado ou ramo de atividade. Uma comunicação bem executada mostra a capacidade de apresentar ideias, seja para uma pessoa ou para uma multidão.
Nos processos seletivos das companhias, a comunicação é muito considerada na maioria dos cargos, e mesmo não sendo requisito principal de uma função específica, os profissionais que possuem boa desenvoltura em público têm mais facilidade em desenvolver e expressar diversas outras competências na seleção. Isso potencializa a situação e lhes dá uma grande vantagem perante os concorrentes. “Em uma empresa de grande porte, em uma das últimas fases do processo seletivo, de cada participante entre 50 finalistas (de mil candidatos) foi exigido que fizessem uma apresentação de um tema diante de uma banca de avaliação. Desses 50 candidatos, restaram apenas 25 em função da capacidade de organizar e expor ideias com clareza diante de um grupo de pessoa”, exemplifica Reinaldo Passadori, presidente e fundador do Instituto Reinaldo Passadori. “Em processos de seleção tenho observado que a comunicação é critério importante para uma linha de corte”, completa.
Muitas das grandes empresas enxergaram que podem desenvolver a comunicação como competência em seus colaboradores como forma estratégica na conquista de resultados e de progressão profissional. As falhas clássicas dos colaboradores são detectadas em situações como reuniões, situações de venda e negociações, representação de empresas, apresentação de projetos e treinamentos. Uma cultura organizacional saudável significa a prática da competência de comunicação dos seus colaboradores que deve ser fixada em sua estrutura. A.J. Limão, consultor do IDORT, centro de soluções empresariais, mostra uma situação que ilustra esse tipo de situação: “em um workshop que eu apresentava, um presidente de empresa ficou surpreso com o resultado de uma ferramenta aplicada, mostrou que a empresa era diretiva (comunicação vertical) e não de espírito de equipe (comunicação multidirecional). Quando a comunicação é diretiva, gera acomodação, comportamento neutro, polindo as atitudes dos colaboradores. Quando não há empowerment (delegação de poderes de decisão, autonomia e participação dos funcionários na administração das empresas), os colaboradores deixam de ser proativos, devido à comunicação ineficiente. “Quando não há boa comunicação, não há espírito de equipe”, observa.
Um ponto importante da competência da comunicação é o entrosamento entre falar, pensar e sentir, pois a essência de comunicar está em atrair atenção e respeito do ouvinte. Uma das principais falhas é falar sem ter o devido conhecimento do assunto e não fazer devidos ajustes na linguagem do tema abordado em relação ao público-alvo. Outra grande dificuldade é o aspecto psicológico, a chamada timidez. Esse é um dos grandes entraves para os profissionais porque inclui ansiedade, medos, fobia social etc. “São limitações psicológicas que impedem que as pessoas falem com naturalidade e segurança em qualquer situação. E a timidez assusta muito as pessoas, então muitos escolhem ficar em suas zonas de conforto, do que correrem riscos e serem avaliados e denegrirem suas imagens”, observa Passadori.
Segundo A. J. Limão, se essa competência fosse mais trabalhada nas empresas, seria evitada uma série de problemas como conflitos, reclamações, desentendimentos, queixas, retrabalho, ou seja, resolveriam grande parte das questões inerentes ao relacionamento humano.
Comunicação não-verbal
O ser humano possui uma totalidade de expressões, personalidade e identidade. Nas diversas situações da rotina de trabalho, o profissional expressa aquilo que pensa e sente por meio de todos os detalhes do processo do comunicação, inclusive pela expressão corporal.
É importante saber como trabalhar a gesticulação com eficácia e o que pode ser evitado nesse sentido. A pessoa pode ficar balançando a mão no bolso, ou por as mãos para trás enquanto discursa, por exemplo. “A comunicação inconsciente ocorre pela expressão corporal e facial, que dificilmente se tem controle. O chefe diz educadamente que ‘o trabalho está bom’, mas percebe-se uma leve contrariedade nos lábios. Conscientemente comunica algo que se contradiz na expressão facial. O interlocutor experiente fará a leitura da mensagem discordante”, explica A.J. Limão.
Mas Reinaldo Passadori mostra que essa falha gestual não pode ser considerada um fato isolado. Na verdade, a comunicação depende de um conjunto de fatores. “Não dá para dissociar se a pessoas está com deficiência no processo de comunicação corporal apenas porque não gesticula, ou se aquela pessoa tem uma limitação porque tem um problema de dicção”, afirma. Para ele, na medida em que se faz um trabalho de feedback, conhecimento, observação e percepção, há possibilidade de ajuda para esse profissional, a considerar seu próprio estilo e conseguir a melhor possibilidade de comunicação.
Comunicação é a competência fundamental. Qualquer que seja a carreira, formação, instrução, ou atividade da pessoa, sem a comunicação ela não terá êxito. Se a pessoa não é capaz de expor, por em prática o que aprendeu, ela perderá espaço para os concorrentes que estejam mais preparados para esse tipo de situação. “Não somos valorizados por aquilo que sabemos, mas por aquilo que fazemos daquilo que sabemos”, cita Passadori.
Caio Lauer.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
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